O Movimento Rio de Paz realiza na manhã desta quarta-feira um protesto na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, contra os cerca de 35 mil casos de desaparecimentos não esclarecidos no Estado do Rio de Janeiro desde 2007. O mais recente deles é o do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, morador da Favela da Rocinha.
Ele está sumido desde o dia 14, após ser levado por PMs para uma averiguação na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. A família do pedreiro é aguardada no local a partir das 9h. Um faixa preta com o questionamento 'Onde está Amarildo?' foi estendida na areia. Manequins cobertos com máscaras e tecidos branco e vermelho foram espalhados em frente ao Copacabana Palace. Os bonecos serão enterrados no fim do ato.
O protesto acontece no mesmo dia em que as investigações sobre o desaparecimento do pedreiro sai da 15ª DP (Gávea) e passa para a Divisão de Homicídios da Polícia Civil. A mudança segue uma determinação da chefe da corporação, Martha Rocha, de que após 15 dias sem conclusão o caso seja encaminhado para a delegacia especializada.
Dois filhos de Amarildo fornecem, também nesta quarta-feira, material para exame de confronto de DNA. O resultado da coleta revelará se é do ajudante o sangue encontrado na viatura da PM que o conduziu à UPP. A conclusão será divulgada em 30 dias. O titular da delegacia concede uma entrevista coletiva às 9h na Gávea.
Na manhã de terça-feira policiais civis, peritos e bombeiros fizeram buscas no depósito de lixo da Comlurb, no bairro do Caju, na Zona Portuária. Eles foram checar uma denúncia de que um motorista da companhia teria sido obrigado a retirar no caminhão de lixo um corpo da comunidade. nada foi encontrado. À tarde, na
Rua do Valão, na Rocinha, policiais encontraram o corpo de Gisele da Silva Santos. A família informou que ela era moradora da comunidade e viciada em drogas.
As 6h, Panos vermelho estendidos simbolizando sangue e manequins com máscaras e cobertos de tecido de filó branco foram espalhados na areia da praia em frente ao Copacabana Palace. Eles representam os desaparecimentos registrados ou não em delegacias desde 2007. Voluntários do Rio de Paz portarão cartazes com os números das mortes violentas no Estado do Rio. Eles também cobrirão seus corpos com o mesmo tecido usado nos manequins.
'Números são vergonhosos'
Segundo Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz, de 2007 a maio de 2013, 34.681 pessoas desapareceram, conforme dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio. A projeção é de que o número já ultrapasse os 35 mil casos. Ele afirmou ainda que mais de 40 mil mortes violentas ocorreram no estado entre 2007 e julho de 2013, durante o governo de Sérgio Cabral.
"Esses números são vergonhosos para o Estado do Rio de Janeiro. O número de desaparecimentos e de homicídios é bem maior do que os divulgados oficialmente. O caso do Amarildo aponta para essa realidade trágica, inaceitável sob todos os aspectos, especialmente, para este novo Brasil que emerge nas ruas, não tolerante tanto com a prática de crimes tão hediondos, quanto com o fato de o poder público não os combater, esclarecer e punir os culpados", disse Antonio Carlos.
O presidente do Rio de Paz explicou ainda que o tecido branco de filó que cobre os manequins foi escolhido para provocar uma imagem difusa, de incerteza.
O presidente do Rio de Paz explicou ainda que o tecido branco de filó que cobre os manequins foi escolhido para provocar uma imagem difusa, de incerteza. As máscaras neutras simbolizam as pessoas mortas ou desaparecidas que viraram estatística. No fim do protesto, previsto para às 10h30, os bonecos serão enterrados na areia. (ODia/Redação)
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