terça-feira, 27 de março de 2007

Canecão cheio de pressão


Tradicional casa de shows ganha patrocínio, baixa preço dos ingressos e anuncia programação reformulada

Em 1971, deu no ‘New York Times’: Chico Buarque e a Orquestra Sinfônica Brasileira, de Isaac Karabchevsky, em cartaz na cervejaria. Mais de 30 anos, muito sucesso e alguns contratempos depois, é também unindo erudito e popular — com show de Edu Lobo, Zizi Possi e a Orquestra Petrobras Sinfônica — que o Canecão sacode a poeira e inaugura, dia 4 de abril, o patrocínio com a gigante do petróleo.

Encarando a concorrência de novas casas, como a Vivo Rio, o Canecão pretende, além de construir cafeteria e memorial, criar um grande prêmio anual para a MPB e abrir as bilheterias a preços populares: a partir da abril, nos fins de semana, haverá 122 ingressos por dia a R$ 20; e nos outros dias, preço fixo de R$ 30, sempre com meia entrada.

“O Canecão precisa do patrocínio para continuar grande, e abaixar o preço. Hoje, só canto para o povão nas lonas”, diz Alcione, que no fim de semana vai inaugurar o projeto ‘Duo 40 Anos’, com Emílio Santiago.

Na nova programação, há projetos como o ‘MPB&Jazz’, que inicia com o show de Edu Lobo, e a abertura da casa para jovens da MPB e do rock nacional, sinalizando em direção a novo público.

“É a hora de abrir esse palco mágico para o novo, investir na formação de platéias”, diz Valéria Colela, diretora artística do Canecão, sobre shows agendados com bandas como Moptop e Canastra, e artistas como Roberta Sá e Rodrigo Maranhão.

Na opinião de Vinícius França, produtor de Chico Buarque — último ‘peso pesado’ a cantar no Canecão —, a concorrência de novas casas é positiva, assim como a chance aos novos talentos: “Isso é bom para o mercado. E o som do Canecão melhorou”, diz. Já Ana Basbaum, produtora de Maria Bethânia — que optou por lançar seu último show no Vivo Rio —, opinou: “O Canecão tem o espaço ideal para se permitir apostar em novidades”.

E, numa cidade que carece de espaços culturais, se levarmos em consideração, por exemplo, a cena paulista, a concorrência também elogia a iniciativa do Canecão: “A casa estava defasada e, assim como outras, se mexeu com a chegada do Vivo Rio. Agora vai melhorar a estrutura e isso é bom para a competição e o mercado. Quem ganha é o público”, diz Márcia Alvarez, diretora artística da casa patrocinada pela empresa telefônica.

No próximo dia 2, dirigentes da Petrobras e do Canecão darão entrevista para falar dos novos tempos, já comemorados pela nova geração: “Minha mãe ficou apavorada quando soube que eu tocaria lá. É uma baita honra”, diz Lucas Silveira, vocalista da banda gaúcha Fresno, atração do dia 3, com os cariocas do Ramirez.


Fonte: O Dia Online

Nenhum comentário: