Rio - A Casa Abrigo Lar da Mulher, na Baixada Fluminense, construída por intermédio do Programa Nova Baixada (PNB), será inaugurada na próxima quarta-feira, véspera do Dia Internacional da Mulher.
Como em outras casas-abrigo, endereços, telefones ou quaisquer outras informações ficam em rigoroso sigilo para garantir a integridade das mulheres protegidas e também de seus filhos, cabendo a órgãos como as delegacias especializadas de atendimento às mulheres (Deams) e Núcleos Integrados de Atendimento à Mulher (Niams), entre outros, fazerem o encaminhamento das mulheres a essas unidades.
Por esse motivo, a inauguração será feita a distância, no Palácio Laranjeiras, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Sérgio Cabral. Também estarão presentes a primeira-dama do país, Marisa Letícia, a secretária nacional de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire, e a primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo - presidente de honra da organização Rio Solidário, que ficará responsável pela unidade -, além do vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão.
A Casa Abrigo Lar da Mulher, unidade pioneira no Estado do Rio de Janeiro, tem o objetivo de proteger mulheres vítimas de violência e também seus filhos. A casa-abrigo tem capacidade para receber de 80 a 100 pessoas, conta com berçários, quartos, salas para oficinas, entre outros, e custou R$ 2,1 milhões, recursos do governo do estado e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Mapa da violência
Para diagnosticar o mapa da violência na Baixada Fluminense, foi realizada uma pesquisa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), contratada pelo PNB. A partir do diagnóstico, o objetivo é coibir as agressões e aprimorar o atendimento às mulheres. O levantamento revelou que as agressões não se limitam aos companheiros: 68,6% das entrevistadas afirmaram que foram agredidas antes dos 15 anos, e que, em 52,2% dos casos, os agressores foram os pais. O convívio com a violência vem desde cedo: 27,1% delas disseram que o pai ou padrasto agredia a mãe dela. E, dentre estas, 65,8% presenciaram as agressões por parte do pai.
A violência contra as mulheres se estende também aos familiares: 21,7% disseram que o marido ou companheiro agressor também agride os filhos; a maior parte delas (89%) acha que é obrigação do governo punir o agressor e 34,8% dessas mulheres tiveram um casamento anterior e, entre elas, a maioria (68,8%) também sofreu violência por parte do antigo companheiro.
A freqüência das agressões ainda é grande, pois as mulheres não costumam denunciar imediatamente após a violência. Do total, 46,7% das agredidas afirmaram que nunca denunciaram. E 21,8% das entrevistadas declararam não saber da existência da delegacia da mulher. Ainda segundo a pesquisa, os motivos para que isto ocorra são: a baixa eficiência dos mecanismos institucionais de apoio e denúncia, a dependência econômica, o receio da perda da referência paterna para os filhos, o constrangimento social, entre outros.
A pesquisa ocorreu entre outubro e novembro de 2004, quando foram pesquisados 600 domicílios, em nove bairros de quatro municípios: Heliópolis, Lote XV e Xavantes, em Belford Roxo; Centenário e Olavo Bilac, em Duque de Caxias; Chatuba e Santa Terezinha, em Mesquita, e Coelho da Rocha e Jardim Metrópole, em São João de Meriti.
Mulheres com idade entre 18 e 55 anos que tenham ou já tenham tido alguma relação conjugal foram o alvo da pesquisa. Mais de 30% dos maridos, segundo as esposas, usam bebida alcoólica freqüentemente. Fato que, segundo a estatística, é um dos maiores causadores da violência doméstica contra a mulher, com 52,2% dos casos contados.
Fonte: O Dia Online
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