Após filmagens, polícia prende nove traficantes da Favela de Vigário Geral, onde foram planejados os ataques de dezembro
O principal ponto de partida dos traficantes que aterrorizaram o Rio, em 28 de dezembro, e provocaram 19 mortes, foi também o local de início de uma investigação de três meses, que obteve ontem seu primeiro resultado. Após filmagens e fotos em que a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) monitorou os passos da quadrilha que controla a Favela de Vigário Geral, nove bandidos foram presos, entre eles o chefão Gilberto Soares Alves, o Caveirinha, 32 anos, que também domina mais sete favelas ligadas à facção Comando Vermelho (CV) na Baixada Fluminense.
Com o apoio de mais quatro delegacias especializadas e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a Drae cercou a comunidade. Esconderijos, descobertos ao longo da investigação, começaram a ser estourados.
“Vigário foi o local de reuniões e o de ponto de partida de alguns ‘bondes’ que atacaram a cidade no fim do ano. Então, demos início ao trabalho para pegar os líderes daqui. Com as filmagens, identificamos o bando e isso facilitou a missão”, explicou o delegado Carlos Antônio Oliveira, titular da Drae.
Além de Caveirinha, que aparece nas imagens feitas pela polícia portando um fuzil, oito traficantes foram presos: seu braço-direito, Márcio Silva do Nascimento, o Moró, 35 anos; o gerente Thiago dos Santos Barbosa, o Piaba, 22; Fabrício Barbosa da Silva, o Derê, 20; Adriano Mariano da Silva, o Peixe, 22; e Leiz Gonçalves Lopes, 20. Três menores — D.V.S., 17, A.P.P., o Guelo, também de 17, e A.T.S., o Bigode, de 16 — foram encaminhados à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
11 FORAM LIBERADOS
Ainda foram apreendidos 20 quilos de maconha prensada e 500 trouxinhas, 300 papelotes de> cocaína, seis bombas caseiras, uma escopeta calibre 12, uma pistola 9mm e outra PT 380, três carregadores de fuzil, munição para fuzil e pistola, material de endolação e farda do Exército. Outros 11 suspeitos detidos foram liberados. A polícia quer, através das imagens gravadas, identificar os bandidos que aparecem armados com fuzis, granadas, metralhadoras e pistolas.
Menor acusado de ter atirado em irmão
“Minha dor agora está em dobro”, dizia, desolada, a dona-de-casa Teresa Arivaldo, na porta da delegacia. Em 3 de novembro, ela passou pelo drama de perder o filho Jessé, de apenas 6 anos, vítima de uma bala perdida enquanto andava de bicicleta na porta de casa, em Vigário Geral. As investigações da 38ª DP (Brás de Pina) apontaram para o irmão da criança, o menor D., 17, detido ontem pela Drae, acusado de integrar o tráfico na favela. Ele negou as acusações.
“Não sou traficante. Também não sei de onde partiu o tiro que matou meu irmão. Eu o socorri desesperado”, contou o menor, que parou de estudar ano passado e teria feito biscates para sustentar o filho de dois meses e a mulher, de 20 anos, que tem mais dois filhos. “Não acredito que ele mataria o irmão. Eles eram agarrados”, defendeu a mãe.
Fonte: O Dia Online
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