quinta-feira, 26 de abril de 2007

Carro a gás: Não caia em armadilhas


RIO - Há dez anos, o gás natural veicular chegou com força ao mercado, impulsionado pela liberação de seu uso em automóveis particulares. No início, havia poucos postos vendendo GNV, e o grande problema era abastecer. Hoje, as filas migram para as oficinas especializadas, por causa de conversões inadequadas e pela falta de conhecimento sobre a manutenção do sistema.

Antigo e novo, juntos
Desde os primeiros equipamentos, cinco gerações de kits foram lançadas. Uma não substituiu a outra e, assim, os sistemas ultrapassados ainda convivem com os modernos. O mais atual traz bicos injetores e gerenciamento eletrônico para o GNV, igual ao utilizado no Astra Multipower.

O gás é dosado diretamente no coletor de admissão. O sistema reduz a possibilidade de excesso de GNV na mistura e elimina o backfire (retorno de chama), que é a explosão do gás no coletor. O problema é o preço. A instalação custa entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, cara demais para um segmento em que o consumidor busca a máxima economia.

Na procura por menores gastos, há donos de carros com complexos sistemas eletrônicos que preferem equipamentos dimensionados para modelos mais simples. Os sintomas são perda elevada de potência, engasgos, luz da injeção de combustível permanentemente acesa, apagões do motor e excesso de poluição, entre outros. Tudo isso somado ao desgaste natural.

Freios e suspensão
A instalação do kit de GNV gera peso adicional, o que aumenta o esforço do sistema de freios e da suspensão. No segundo caso, trocar as molas traseiras nem sempre funciona, pois optar por um conjunto mais rígido significa alterar as características originais do carro e prejudicar o equilíbrio.

Para evitar as constantes idas à oficina, o melhor é investir mais e comprar o acessório correto. Sistemas de gerações recentes se ajustam até a motores complexos. A administradora de empresas Daniele de Oliveira precisou voltar várias vezes à instaladora para acertar a regulagem de sua Xsara Picasso 2.0 16v, mas ficou satisfeita com o resultado.

— O carro funcionava mal na gasolina e o computador de bordo indicava que havia um defeito no motor, pois o sistema não reconhecia o GNV. Foi preciso instalar um componente eletrônico para simular o sinal da bomba de combustível e resolver o problema — diz Daniele, que pagou R$ 2.500 pela instalação do kit.

Desgaste maior
Ainda que o funcionamento seja correto, sistemas adaptados sempre trarão desgaste maior ao carro.

— O GNV é extremamente seco e sempre afetará partes como cabeçote, válvulas e retentores. Por mais evoluído que seja o equipamento, sempre haverá desgaste maior — diz Eduardo Campos, engenheiro da Magneti Marelli.

Motor Extra

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