segunda-feira, 2 de abril de 2007

Jovem que ficou tetraplégica aos 12 anos já tem sensibilidade nas pernas depois de cirurgia


A universitária Camila Magalhães Lima Mutzenbecher, 21 anos, parece não conhecer o significado da palavra “impossível”. Quase seis meses depois de voltar de Portugal, onde foi submetida a uma cirurgia de transplante de células-tronco, a carioca que ficou tetraplégica aos 12, ao ser atingida por uma bala perdida em Vila Isabel, já nota sensibilidade nas pernas, festeja evolução na parte motora e retoma o sonho de voltar a andar.

“Chega a ser difícil descrever o que estou sentindo. Depois da cirurgia, passei a perceber coisas que até pouco tempo atrás não percebia. Outro dia mesmo senti uma dor no joelho que nunca senti antes. É como se estivesse com uma percepção maior do meu corpo”, afirma ela.

Quinta-feira, Camila participou de mais uma sessão de fisioterapia. Com o auxílio de um andador e de um imobilizador de joelhos, voltou a arriscar alguns passos. Segundo a fisioterapeuta Adriana Dias, que acompanha Camila desde janeiro, os exercícios ajudam o cérebro da estudante a recuperar a memória motora.

“Pela extensão da área lesionada, não era para Camila fazer certos movimentos nos bíceps, tríceps, punhos e dedos. Mesmo assim, ela é capaz de se vestir sozinha, de usar o computador e até já tirou carteira de motorista. Acredito muito no potencial de recuperação da Camila”, observa a fisioterapeuta.
Ao que parece, Camila herdou a obstinação da mãe, a aposentada Ana Lúcia Magalhães Lima, 58 anos, que continua a brigar na Justiça pelo pagamento da indenização a que a filha tem direito. Em setembro, Camila só conseguiu viajar para Portugal graças à solidariedade de um comerciante português, que emprestou 35 mil euros, o equivalente a R$ 90 mil.

“As autoridades precisam entender que não quero o dinheiro para comprar roupas caras ou passear no exterior . Só tenho três anos para quitar a dívida que contraí para a minha filha fazer a cirurgia. Além disso, a Justiça tem que prender o ladrão, mas também socorrer a vítima. O ladrão já foi solto, mas minha filha continua presa a uma cadeira de rodas”, desabafa Ana Lúcia, que ganha R$ 1.700 mensais de aposentadoria.

A luta de Camila para voltar a andar só não é maior que a da mãe para não interromper o tratamento da filha. O novo desafio é comprar o Sygen, um remédio que ajuda na regeneração das células-tronco na área lesionada. O problema é que cada ampola custa cerca de R$ 180 e Camila precisa tomar, no mínimo, 60 doses.

“Vivo com pires na mão. Quando um empresta daqui, corro para pagar a quem devo dali e assim por diante. Só em despesas com a Camila, gasto R$ 3 mil por mês. Só não faço mais porque não posso”, lamenta Ana Lúcia, que abriu uma conta no Bradesco (agência 2796-0, C/P 3783-4) para ajudar no tratamento da filha.

O Dia Online

Nenhum comentário: