terça-feira, 8 de maio de 2007

"Leia o livro, Roberto!", pede autor de biografia censurada


Paulo César Araújo acredita que Roberto Carlos possa reconsiderar decisão.
Para ele, sociedade está reagindo a "barbárie" e "assassinato cultural".


“Roberto, leia o livro!” Esse é o apelo do jornalista Paulo César Araújo, autor de “Roberto Carlos em detalhes”, biografia não-autorizada do cantor que foi proibida pela Justiça e retirada de circulação nas últimas semanas.



“Se ele se desse esse tempo... Como ele entende de amor, ia ver o quanto há de amor em cada página desse livro, que é unânime nesse quesito entre fãs e críticos. Se a gente tivesse ficado frente a frente antes, isso poderia ter sido diferente. Foram 15 anos tentando uma entrevista com o Roberto“, desabafa Paulo.

Nesses 15 anos, foram mais de 200 entrevistas e estudos sobre todos os discos do cantor - tratado por Paulo como ídolo. Decepcionado, o autor de "Roberto Carlos em detalhes" admite que ainda não se conformou com a decisão da Justiça.



“Continuo lamentando, chorando. O pior é ver uma barbárie dessas diante de argumentos tão frágeis de invasão de privacidade de um artista que tem vida pública há 40 anos. Nenhum trecho teve a veracidade questionada pelos advogados. O que eu vivi naquela audiência foi surreal. Vi um trabalho de 5 anos ser queimado em 5 horas. Saí de um pesadelo e estou encarando a realidade”, admite ele, que afirma que a vida pessoal de Roberto representa apenas 10% do livro.

“Nos Estados Unidos, a cada ano tem uma biografia da Madonna ou do Elvis Priesley, mas lá o que ganha é o direito a informação. Se eu tivesse o caluniado, tudo bem. Mas achar que vai destruir o livro é utopia. A sociedade está reagindo por caminhos mais modernos”, diz Paulo sobre a mobilização de fãs e da crítica especializada em editoriais de jornais, blogs e comunidades no Orkut em seu apoio.

A polêmica já fez o livro ser leiloado em sites da internet. O número de falsos exemplares anunciados para download se multiplica desde a decisão da Justiça. “É uma reação natural contra a barbárie. Isso aqui é um assassinato cultural”, enfatiza o autor, que compara o episódio com a tragédia retratada no filme “Farenheit 451”, pelo francês François Truffaut, de 1966, quando um governo opressor de uma sociedade futurista proíbe a literatura, como forma de tentar manter o controle da opinião pública.

G1

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