A moeda brasileira está aproveitando seu “lugar ao sol”, afirma título de reportagem do diário Financial Times publicada nesta quinta-feira, sobre a forte valorização verificada na véspera por moedas de países emergentes.
O jornal observa que o real teve a maior valorização entre as principais moedas emergentes, que tiveram “uma série de recordes de alta diante do dólar ontem”.
A reportagem comenta que as valorizações ocorreram após os dados divulgados na terça-feira pelos Estados Unidos que mostraram uma inflação abaixo do esperado, aumentando o apetite dos investidores por mercados emergentes, considerados mais arriscados.
Além disso, observa o FT, a alta do real foi impulsionada pelo aumento da avaliação do Brasil pela agência de crédito Standard & Poor’s.
Analistas consultados pelo jornal afirmam que a tendência de valorização do real deve continuar, apesar das compras de dólares pelo Banco Central para tentar limitar o fluxo de dólares para o mercado interno.
‘Efeito Brasil’
A valorização do real e os dados econômicos positivos para os países emergentes ajudaram a valorizar os títulos da dívida argentina na quarta-feira, segundo o diário La Nación, que qualificou o impacto sobre o mercado local de “efeito Brasil”.
Segundo o jornal, “o nível que alcançaram os preços de quase todos os títulos brasileiros e o forte diferencial de rendimentos acumulados em relação aos títulos argentinos estariam levando alguns fundos de investimento a escolher entre os dois mercados e a alocar parte dos ganhos obtidos no Brasil para a compra de ativos argentinos”.
O diário argentino comenta que “o real subiu quase 7% diante do dólar desde janeiro, após se valorizar quase 9% em 2006 por causa do constante fluxo de divisas ao maior país da América do Sul, que segue aumentando suas exportações e apresenta uma perspectiva de crescimento maior do que a esperada”.
Outra reportagem publicada pelo Nación, porém, afirma que o governo argentino deve questionar, em um seminário em Washington nesta quinta-feira, a estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não intervir para conter a valorização da moeda.
Segundo o jornal, “o subsecretário de Política Econômica, Martín Abeles, encarregado da apresentação oficial, expressará que ‘para países em desenvolvimento, como a Argentina, o mais lógico é manter o tipo de câmbio competitivo e acumular reservas internacionais para enfrentar o efeito contágio dos mercados financeiros internacionais”.
“Esta mensagem se difundirá em um momento-chave, já que o real segue sua marcha ascendente frente ao dólar por causa do forte ingresso de capitais no Brasil e a decisão do governo Lula de não deter essa avalanche, somente moderá-la”, diz a reportagem.
“A Argentina insiste na estratégia oposta: manter o tipo de câmbio alto apesar da chuva de dólares que cai sobre a região e das fortes pressões inflacionárias”, afirma o jornal.
Financial Times
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