A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga os acidentes e reclamações envolvendo a empresa Barcas S/A durante o transporte aquaviário no Estado, presidida pelo deputado Gilberto Palmares (PT), ouviu, ontem, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o diretor-superintendente da empresa Barcas S/A, Luis Marinho. Após quatro horas de sessão, o representante da concessionária não conseguiu esclarecer as dúvidas dos deputados presentes e ficou de encaminhar documentos relevantes à comissão, como a discriminação dos investimentos e a forma como estão sendo saldados os empréstimos feitos por pessoas ligadas à empresa.
"A reunião esclareceu alguns pontos, mas temos perguntas que ficaram sem resposta, como o detalhamento de investimentos e empréstimos e a questão dos atrasos e fraudes no sistema de lotação das barcas. Eu mesmo presenciei o contador de passageiros acusando que a embarcação estava lotada e, mesmo assim, passageiros continuavam entrando, mas pelas roletas de gratuidade. Além de superlotar a embarcação, a empresa permite que pagantes entrem de forma irregular", denunciou o presidente da CPI.
O deputado Gilberto Palmares definiu como desrespeitosa a ausência de Amaury de Andrade, diretor-presidente da Barcas S/A, na sessão de ontem.
"O presidente foi convocado com antecedência e, na última hora, disse que não viria", informou Palmares.
O representante da Barcas S/A informou à CPI que, nos 10 anos de concessão do transporte pelo Estado, já foram investidos cerca de R$ 240 milhões, mas não soube explicar quanto dessa quantia foi destinada para investimentos e quanto ficou por conta de custos operacionais. Do valor total da verba, R$ 110 milhões vieram de empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante, R$ 130 milhões, de aportes financeiros dos acionistas.
Todos os deputados questionaram os investimentos na melhoria do serviço e exigiram que fossem encaminhados relatórios que apontassem para onde teria sido investida essa quantia, além de informar como estão sendo saldados os empréstimos feitos ao BNDES.
Em relação ao acidente que levou a formação dessa comissão e outras pequenas falhas no serviço, o representante da empresa foi claro ao dizer que, apesar do sofrimento de algumas pessoas, o transporte é altamente seguro e relativamente pontual.
Concorrência para fim do monopólio
A deputada estadual Graça Matos (PMDB) foi bastante contundente ao defender o fim do monopólio da Barcas S/A. "Somente a concorrência pode fazer com que os serviços melhorem", reivindicou.
Em relação à estação de São Gonçalo, Luiz Marinho explicou que a obra ainda não começou por não ter local adequado para a instalação da estação. "Existe um interesse em construir a estação em São Gonçalo. Contudo, não existe espaço físico na cidade", explicou o superintendente, que teve a informação rebatida pela deputada Graça Matos. "Não tem terreno? Podemos tentar viabilizar um local adequado, mas o que falta é vontade, e não espaço", protestou Graça.
O presidente da CPI marcou para o dia 12 de março, na Alerj, uma nova reunião. Também estiveram presentes ao encontro os deputados Comte Bittencourt (PPS), como vice-presidente, Dionísio Lins (PP), como relator, Paulo Ramos (PDT), Graça Matos (PMDB), Átila Nunes (DEM), Marcelo Simão (PHS) Geraldo Moreira (PMN) e Tucalo (PSC).
(O Fluminense)
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