Niterói, há tempos, tem sentido os efeitos do aumento do fluxo de veículos em suas vias. Cada dia é mais complicado chegar ao destino sem ficar parado em algum congestionamento, principalmente nos horários do "rush", de manhã, por volta das 7 horas, e à tarde, a partir de 17 horas. Para piorar a situação, as mudanças de itinerário em ruas e avenidas, também não conseguem diminuir o problema, só pioram. Esse é o caso do trecho da Marquês de Paraná, sentido Amaral Peixoto, no Centro. Há horários em que a pista fica fechada e outros, aberta, o que acaba confundindo quem passa pelo local, como Joner Gomes, de 51 anos. Para ele, o trânsito de Niterói está um caos.
"O trânsito em todo o município está mal organizado. O trecho da Marquês de Paraná deveria ficar aberto direto, para desafogar o trânsito. Além disso, os sinais também são mal sincronizados. Isso quando as ruas não viram estacionamentos".
Quem vem de Icaraí, na Zona Sul, pela mesma avenida, tem que pegar o desvio pelo Bairro de Fátima, para poder atravessar para a Rua São João, no Centro. A medida, para desafogar o trânsito na avenida principal, criou problemas principalmente para os moradores do bairro.
A diarista Cristiane Carvalho, de 36, reclama dos transtornos causados pelo desvio.
"Logo que mudaram o trânsito aqui, fizemos um abaixo-assinado e levamos para a Prefeitura com todas as reclamações. Mas a única coisa que nos atenderam foi a não permissão de passagem de caminhões pesados".
Cristiane ainda destaca o problema da segurança, por conta do aumento do número de tráfego na região, agravado por conta da inauguração de um supermercado.
"Com essa mudança, o local passou a ter assaltos a qualquer hora do dia, até à mão armada. O mercado foi bom por um lado, mas por outro, trouxe o transtorno no trânsito. Nem os ônibus param para a gente direito, porque muitas pessoas de outros bairros vêm fazer compras aqui e pedem ao motorista para dar carona na volta. Então, eles preferem não parar".
Segundo a diarista, com o intenso fluxo de veículos no local, já houve três atropelamentos.
"Dois foram na Jansen de Melo e um aqui na Andrade Pinto. Desta forma, as crianças nem podem mais brincar nas ruas. E ainda tem as motos, que sobem a rua na contramão, pela calçada".
Cristiane não é a única a ter queixas. Outra moradora do bairro, a aposentada Vera Lucia Oliveira, de 58, reclama também da fumaça e do barulho.
"O aumento do fluxo de veículos trouxe muita fumaça e ruídos. Isso é um absurdo porque esse é um bairro tranquilo", lamentou.
A orientadora educacional Dalva Romero também criticou a utilização da via do bairro para desvio.
"O desvio aqui do Bairro de Fátima não ajudou em nada o trânsito. O bairro é antigo, com ruas estreitas e não tem estrutura para fluxo intenso".
Sufoco na Marechal Deodoro
Com toda essa confusão, o fluxo de entrada e saída de veículos do supermercado tem prejudicado ainda mais. A Rua Marechal Deodoro já sofre com retenções há muito tempo, pois no seu trajeto encontra-se uma faculdade e a movimentação da Ponte Rio-Niterói.
"Durante a construção do supermercado, a situação era ainda pior. Se tivessem feito um estudo do local antes, não estaria esse caos. Eu moro na Rua Barão de Amazonas e passar por aqui sempre é um problema", declara o pastor David Brend, de 28 anos.
O estudante de Direito, Felipe Gouveia Barbosa, de 23, questiona por que a Prefeitura não resolveu a questão do trânsito antes de o empreendimento começar a funcionar.
"A Prefeitura deveria ter se programado para arrumar e estruturar as vias ao redor para receber um empreendimento desse porte. Até porque o tráfego aqui (na rua Marechal Deodoro) sempre foi ruim. Era esperado que fosse piorar. Não precisava chegar a esse ponto".
A Niterói Transporte e Trânsito S/A (Nittrans) reconhece que a chegada do supermercado aumentou o fluxo de pessoas e de veículos, o que interferiu diretamente no trânsito. O órgão ainda enfatiza que todos os dias, cerca de seis agentes estão nas vias do entorno do supermercado para neutralizar o problema. E quando há necessidade, são feitas as devidas intervenções.
(O Fluminense)
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