Os 22 médicos ortopedistas que trabalhavam nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) do estado foram transferidos para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Segundo a Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil, a transferência ocorreu devido à dificuldade de completar o quadro de ortopedistas nas 20 UPAs do Rio. Recentemente, o estado também cancelou o atendimento de neurocirurgia de alguns hospitais. No caso das UPAs, como os plantões estavam desfalcados de ortopedistas, o estado preferiu encerrar os serviços e centralizar os profissionais num hospital de referência da especialidade.
O problema tem afetado pacientes que necessitam de atendimento ortopédico. Com o pé esquerdo torcido e inchado, a digitadora Valéria Maria da Silva, 39 anos, foi obrigada ontem a voltar para casa, no Méier, após ser informada de que a UPA da Tijuca não dispunha mais de ortopedistas.
“Isso é um absurdo. Ainda não sei qual hospital vou ter que procurar. Estou com fortes dores e não recebi atendimento”, lamentou Valéria, que se machucou enquanto acompanhava um bloco, no Carnaval, e, após o agravamento do caso, decidiu procurar a UPA. “Esperei para ver se o pé melhorava, mas acabei obrigada a procurar um médico”, disse.
O procedimento adotado na UPA da Tijuca, no entanto, não seguiu a orientação do estado, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil. Apesar da falta dos ortopedistas, as UPAs devem realizar o exame de raios-X no paciente, imobilizá-lo com uma tala e medicar, quando for necessário. Ainda segundo a secretaria, os clínicos-gerais do Corpo de Bombeiros que atendem nas UPAs têm treinamento de socorristas e, portanto, estão aptos para esse trabalho.
Porém, para colocar gesso ou ter atendimento mais complexo, o paciente deve ir a um dos hospitais de referência ortopédica, como o Albert Schweitzer (Realengo), Getúlio Vargas (Penha), Hospital da Posse (Nova Iguaçu) ou Adão Pereira Nunes (Saracuruna, em Caxias). Se a fratura impedir o deslocamento, como no pé ou na perna, o paciente deve ser transportado numa ambulância da UPA.
A retirada de especialistas de algumas unidades em vez da contratação de outros para suprir o déficit tem gerado muitas críticas do Sindicato dos Médicos e entidades da categoria. Devido ao problema, apenas os hospitais Getúlio Vargas, Azevedo Lima (Niterói) e Adão Pereira Nunes têm neurocirurgia atualmente, por exemplo.
(Pâmela Oliveira - Jornal O DIA)
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