segunda-feira, 20 de abril de 2009

‘Lambe-lambe digital’ do Jardim do Méier luta para resistir à tecnologia

Pela lente das mais de 100 máquinas fotográficas que teve em cinco décadas de atividade, o português Bernardo Lobo, 82 anos, registrou as transformações de hábitos e cenários do Rio. Mas não ficou no passado: fotógrafo lambe-lambe no Jardim do Méier desde os anos 50, Lobo se adaptou à tecnologia, uma das causas da decadência de sua profissão, e hoje usa máquina digital para resistir na função — quase extinta.
“Em 53, éramos oito lambe-lambes, e a gente brigava pelos clientes. Existia até um rodízio porque todos queriam ficar nas entradas do jardim”, recorda Lobo. Naquela época, ele tinha média de 50 clientes por dia. Num domingo ensolarado, clicava até 120 pessoas e sempre enchia o bolso.
Agora, quando clica cinco fregueses em uma semana, dá graças a Deus. “A tecnologia acabou com a gente”, lamenta. A máquina de tripé com quase 20 quilos, feita há 80 anos na Fábrica São Bernardo, em São Paulo, ainda está lá. Mas é só para chamar a atenção. Quando chega um cliente, Lobo saca uma digital de 7,5 megapixels, imprime ali mesmo e entrega as fotos em 10 minutos.
“Tem gente que se assusta, diz que preferia a máquina velha. Mas são poucos”, comenta Lobo, que para tentar aumentar a clientela distribui cartões de visita com telefones, e-mail e até Orkut.
(O Dia online)

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