quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Lauro Schuch: O mau exemplo

Presidente apresenta pensamento simplista sobre pobreza e corrupção

Vice-presidente da OAB-RJ

Rio - O presidente Lula já se revelou, em diversas ocasiões, um governante falastrão, que, apesar da imensa responsabilidade, como primeiro mandatário do Brasil, faz comentários infelizes e desastrosos.

Sua última derrapada foi numa solenidade em que foi sancionado o plano de cargos e salários dos policiais militares e bombeiros do Distrito Federal. Ele disse ter certeza de que “a única hipótese de a gente não ter um policial levando propina da bandidagem é o policial ganhar o suficiente para cuidar de sua família”.

Não há dúvida de que servidores públicos e profissionais de outras categorias ganhando salários dignos ficam menos tentados a se corromper. No entanto, esse raciocínio simplista expresso pelo presidente da República pode levar a outro entendimento ainda mais rasteiro: o de que toda pessoa que ganha mal tem tudo para ser corrupto.

É não só rasteiro como perigoso, por, indiretamente, justificar de antemão qualquer deslize ético. E é também injusto para com a maioria da população brasileira, que ainda ganha muito pouco para sobreviver honestamente.

Acima de tudo, o raciocínio do presidente Lula é falso, porque os grandes casos de corrupção na história brasileira recente são de figurões ligados aos três Poderes constituídos e ao empresariado mais rico do país. O caso mais recente envolveu senadores e diretores do Senado regiamente pagos pelo erário Público.

No meio de advogados, justamente para coibir ações escusas, temos um Código de Ética de Disciplina que prevê punições para infrações, sobretudo a falta de prestação de contas ao cliente. Pobre ou mal pago não é sinônimo de corrupto.



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