quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Rio passa por onda de calor histórica e tem sensação térmica maior do que Deserto de Saara, diz Inpe


Fevereiro chegou disposto a bater recordes de calor. A temperatura média registrada pelas estações meteorológicas é até seis graus acima da registrada em outros verões. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este é, até agora, o mês de fevereiro mais quente dos últimos 50 anos.

A sensação térmica carioca (uma equação que leva em conta a temperatura e a umidade do ar) quase não encontra rivais no planeta. Na tarde desta terça-feira, das 3.258 estações ligadas à Organização Meteorológica Mundial, apenas uma registrava sensação térmica superior à do Rio. Na Praça Mauá, este índice era de 46,3 graus - apenas dois décimos abaixo da campeã Ada, cidade no leste de Gana, na África. Na borda sul do deserto do Saara, o mesmo cálculo teve como resultado 33 graus.

" A onda de calor por que passa o Rio já pode ser considerada histórica "

Em meio século, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou temperaturas acima de 40 graus apenas seis vezes: duas em novembro e três em fevereiro.

- A onda de calor por que passa o Rio já pode ser considerada histórica - alerta Giovanni Dolif, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec/Inpe). - O El Niño contribuiu para o aquecimento do oceano, o que provocou chuvas excessivas no Sul e em São Paulo. Com a ocorrência de tantas tempestades nestas regiões, a formação de nuvens no Rio, Espírito Santo e Minas Gerais foi inibida. São estados que, até agora, tiveram pluviosidade abaixo do normal.

Qual a zona de conforto do corpo?

Além do que é registrado pelos termômetros, Dolif defende um estudo mais detalhado da sensação térmica:

- É um padrão objetivo para comparar diversas regiões do planeta. Quanto maior a temperatura e a umidade, mais alta é a sensação térmica. O corpo, assim, passa a evaporar menos suor, o que não é bom, porque este é o mecanismo que adotamos para perder calor.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na sigla em inglês) elaborou uma tabela, mostrando como o corpo reage a cada índice registrado. A "zona de conforto", aquela ideal para nós, é de uma sensação térmica entre 22 e 24 graus. Hoje, o Rio está em um grau classificado considerado perigoso, em que o calor pode provocar insolação, cãimbras musculares e exaustão.

Em 2010, a cidade já teria atingido sensação térmica superior a 50 graus em duas ocasiões, nos dias 11 de janeiro e na quinta-feira passada.

(Extra Online)

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