O mundo inteiro passou a madrugada e o dia de ontem acompanhando, numa mistura de expectativa e felicidade, o resgate dos mineiros que estavam soterrados numa mina do Chile. O evento não teve, é claro, a importância da chegada do homem à Lua, ou os atentados de 11 de setembro de 2001. Mas deve ter sido acompanhado por tanta gente ao redor do planeta, quanto foram os outros. E o final da história não é feliz apenas para os 33 heróis que saíram das trevas para a luz.
O Chile foi o grande vencedor, por linhas tortas, do episódio.
- Venceu enquanto latino-americano, por mostrar ao mundo que um país terceiro-mundista tem condição de executar uma operação de tecnologia avançada e alto risco salvando vidas, tanto quanto as nações mais avançadas.
- E venceu ao dar ao mundo um belo exemplo de planejamento, com a divulgação de que o país tem um fundo de emergência – alimentado por recursos excedentes da exportação de minérios – a ser usada exatamente em emergências como esse desabamento.
- Ganhou o presidente Sebastián Piñera, que tinha baixos índices de popularidade e mostrou ser um bom gestor de crises, atuação já reconhecida pela população. Ganharam os trabalhadores nas minas em geral, que depois dessa tragédia certamente ganharão melhores condições de segurança.
- Ganha também a economia chilena, que tem na extração do cobre um de seus pilares. Com o acidente, o preço dos seguros das minas vai disparar e, por tabela, aumentará a cotação dessa commodity. O Chile já vinha se beneficiando com o aumento geral das cotações de minérios – provocada pela queda na produção de vários deles. Com o seguro em alta, mais arrecadação para o país.
- E, mais importante de tudo, ganharam os próprios mineiros, que nasceram de novo. No primeiro momento, já receberão da empresa que os tem sob contrato uma viagem de férias à Grécia. Mas certamente ao virarem celebridades, como viraram, outras oportunidades virão – é, por exemplo, pule de dez que Hollywood fará um filme sobre o incidente, o que pode lhes render algo.
(JB Online)
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