Em carteiras escolares deslocadas para o meio de uma ruazinha de terra em Antares, Santa Cruz, eles chutam alguns entulhos para o lado e esboçam as primeiras notas musicais no sax. São pedreiros, mecânicos e vendedores da comunidade que se reúnem nas noites depois do dia cansativo de trabalho por uma paixão em comum: o jazz. O estilo musical tradicionalmente elitista já ganhou lugar de destaque na favela: até os traficantes recolhem a boca de fumo quando os músicos vão tocar. O som de tiros dá lugar às melodias do grupo, que hoje já tem 19 integrantes, todos com formação musical completa. “A Antares Jazz Big Bandcomeçou em 1992 com oito primos. A gente se encantou com o estilo quando o sargento bombeiro Mário Zan Sabino apresentou para nós na igreja evangélica que frequentávamos na comunidade”, conta Ronaldo Martins, 33, que toca sax na rua para ganhar uns trocados. “Quisemos investir nisso porque pensamos que seria um diferencial. Os músicos agora torcem para conseguir um patrocínio para ensinar o ritmo para as crianças da comunidade. “Temos que oferecer lanche senão elas não vêm”, justifica o vendedor e baterista Waguinho Souza, 33. “O jazz traz paz e calma, pode ser um novo caminho para elas”, ensina. (O Dia Online/Redação)
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