A Marcha Contra a Corrupção, convocada pelas  redes sociais na internet, ofuscou o desfile comemorativo do 7 de  Setembro, em Brasília, historicamente marcante por causa da participação  do presidente da República e das Forças Armadas.
Cerca de 25 mil pessoas, segundo a  Polícia Militar, caminharam ontem por uma via da Esplanada dos  Ministérios para protestar contra a série de escândalos que marcam a  política contemporânea brasileira. No mesmo momento, a presidente Dilma  Rousseff estreava, do outro lado da rua, no papel de primeira mulher  presidente a comandar a cerimônia nacional do Dia da Pátria. 
A forte segurança do 7 de Setembro  impediu o contato de integrantes da marcha com participantes do desfile  oficial. O sucesso do protesto ocorreu uma semana após congresso do PT  demonstrar que não apoia nenhum tipo de "faxina" anticorrupção no  governo e de considerar que esses movimentos eram parte de uma  "conspiração midiática" e uma forma de promover a "criminalização  generalizada" da base aliada ao Planalto. 
A marcha evitou as referências  partidárias. Membros do PSOL tentaram levar bandeiras do partido, mas  foram impedidos de seguir adiante com os adereços. O senador Álvaro Dias  (PSDB-PR) ensaiou entrar na marcha, mas, advertido, preferiu apenas  acompanhá-la discretamente. 
Vestidos de preto, com narizes de  palhaço, faixas e cartazes, os manifestantes criticaram a absolvição da  deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), na semana passada, o voto secreto no  Congresso, os recentes escândalos de corrupção no governo e a manutenção  do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no comando do  Legislativo. Pediram até a destituição de Ricardo Teixeira da  presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 
Exigiram, ainda, a aplicação imediata da  Lei da Ficha Limpa - que depende de julgamentos no Supremo Tribunal  Federal (STF). Uma faixa vinculava o nome do ditador líbio Muamar Kadafi  à política brasileira, lembrando que qualquer um pode se candidatar,  independentemente da ficha criminal. "Kadafi, não importa o seu passado,  no Brasil você pode ser deputado." 
Em oito meses de gestão, Dilma foi  obrigada a trocar Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi por  conta do envolvimento deles em suspeitas de corrupção na Esplanada. 
O protesto começou tímido no Museu  Nacional de Brasília, por volta de 9h, com 2 mil pessoas, mas foi  engrossando com a adesão de quem foi ao desfile oficial. No fim, ao  meio-dia, na Praça dos Três Poderes, a marcha chegou a 25 mil pessoas,  segundo balanço da PM. A rede social Facebook foi a principal ferramenta  de convocação, observou Luciana Kalil, 30, uma das organizadoras do  protesto.(AE)
 

 
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