quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Rio cria Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana

A Prefeitura do Rio anuncia hoje (16) a criação do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, na Região Portuária da cidade, e dá início às obras de restauro do Centro Cultural José Bonifácio, dentro do programa Porto Maravilha Cultural. O circuito, sob a coordenação da Subsecretaria de Patrimônio, é um conjunto de locais marcantes para a memória da cultura afro-brasileira que inclui o Cais do Valongo, os Jardins do Valongo, a Pedra do Sal, o Largo do Depósito e o Instituto Pretos Novos, além do centro cultural.

Restauração do Centro Cultural José Bonifácio
O palacete histórico da Gamboa, na Rua Pedro Ernesto, 80, foi inaugurado em 1877 por Dom Pedro II em homenagem ao patriarca da Independência como o primeiro colégio público da América do Sul. Hoje, também conhecido como Centro de Memória e Documentação Brasileira, é sede do Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, único no gênero na América Latina. A restauração receberá investimento de R$ 3,205 milhões do Programa Porto Maravilha Cultural, que destina 3% dos recursos da venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) à recuperação do patrimônio histórico, artístico e cultural da Região Portuária. A Terreng, que venceu a licitação lançada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp), entregará o prédio restaurado no prazo de 300 dias. A restauração é orientada pela Subsecretaria de Patrimônio.

A importância do Cais do Valongo
Um dos pontos de especial interesse no Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, o Cais do Valongo tem importância social considerada extraordinária. Desde fevereiro, técnicos da Secretaria Municipal de Obras dividem o canteiro da Avenida Barão de Tefé com uma equipe de historiadores e arqueólogos supervisionados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A escavação e a redescoberta do Cais do Valongo, em meio às obras de requalificação da Região Portuária, aconteceram no mesmo ano em que este ponto de chegada dos escravos completa 200 anos.

Pedra do Sal
No local, o sal era descarregado por africanos escravizados que trabalhavam como carregadores nos cais de atracação e trapiches. Nos degraus escavados na rocha foram fundados os primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e pontos ritualísticos na segunda metade do século XIX. Após o trabalho, sambistas estivadores se reuniam para as rodas de samba nas casas das tias baianas.

Jardim do Valongo
A construção do Jardim Suspenso do Valongo foi parte do plano de remodelação e embelezamento da cidade pelo prefeito Pereira Passos, projetado pelo arquiteto Luis Rey, inaugurado em 1906. Ali foram acolhidas quatro estátuas de mármore carrara – Marte, Ceres, Vênus e Juno – retiradas do Cais da Imperatriz. Hoje, elas estão no Palácio da Cidade. Largo do Depósito – Por volta de 1770, o Marques de Lavradio transferiu o mercado de escravos da Praça XV para a região do Valongo. O Largo do Depósito, hoje Praça dos Estivadores, era onde se concentravam os armazéns dos “negociantes de grosso trato” que controlavam o mercado negreiro. Em 1831, foi extinto o depósito de escravos na rua do Valongo.

Instituto Pretos Novos
A transferência do mercado de escravos da Praça XV para o Valongo implicou a mudança do Cemitério dos Pretos Novos do Largo de Santa Rita para o Caminho da Gamboa – hoje, a Rua Pedro Ernesto, 36, onde funciona o Instituto Pretos Novos . O sítio arqueológico foi descoberto em 1996, quando moradores faziam sondagem de solo para obras. Arqueólogos da prefeitura coletaram vários tipos de vestígios e milhares de fragmentos de ossos humanos misturados.
(Ag. Rio de Notícias/Redação)

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