Entrada do Museu de Arte Moderna de Niterói (RJ)
As obras do arquiteto dão um belo roteiro. Veja nossas dicas no Brasil e no mundo
Não é a linha reta que o atrai, mas a curva “livre e sensual” projetada em cartões-postais brasileiros. Oscar Niemeyer ousou. Rabiscou sua prancheta e fez surgir Brasília. Em outras folhas brancas traçou infinitas curvas, como as do Copan, em São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, e do Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte. Esta, sim, a obra da qual mais se orgulha.
No início dos anos 40, o arquiteto, recém-formado, foi convidado por Juscelino Kubitschek para o projeto arquitetônico da Pampulha. A Igreja de São Francisco de Assis, cartão-postal da cidade, marcou o estilo Niemeyer. “Foi meu primeiro trabalho. Nela já se faz presente essa arquitetura mais livre e criativa que procuro realizar”, comenta o autor.
A Pampulha lançou Niemeyer no Brasil e no mundo. Depois de criar o Conjunto do Ibirapuera, na São Paulo dos anos 50, e Brasília, a capital arrojada para os anos 60, o arquiteto foi impedido de trabalhar no País durante a ditadura militar. Mudou-se para Paris, onde projetou a sede do Partido Comunista Francês. Ao redor do planeta, ele participou de trabalhos de sucesso, como o prédio da ONU, em Nova York, e a Universidade de Constantine, na Argélia.
Oscar Niemeyer completa 100 anos em 15 de dezembro. Recém-casado, continua criando. Uma das últimas invenções foi o monumento a Simon Bolívar, que será colocado numa praça de Caracas, na Venezuela. Niemeyer também espera ver prontos, antes do centenário, o Centro Cultural Principado de Astúrias, na Espanha, e um parque aquático na Alemanha.
Mas o país onde ele mais gostaria de ver uma criação sua é Cuba. “Lá será construída uma praça com um teatro, que já projetei, e uma escultura em homenagem ao povo cubano.”
Comemorações
O Ano do Centenário foi criado pela Câmara dos Deputados quando o arquiteto completou 99 anos. No mesmo dia, Niemeyer inaugurou um antigo projeto, o Complexo Cultural da República, em Brasília, onde foi aberta oficialmente a agenda comemorativa com a exposição Niemeyer por Niemeyer.
Concebida pelo próprio arquiteto, a mostra traz painéis fotográficos que fazem uma retrospectiva de suas obras. Os trabalhos são do neto Kadu Niemeyer, que há 30 anos roda o mundo para registrar as obras do avô. “Viajamos juntos para Itália, Argélia, Portugal e Inglaterra.”
Kadu, que fica impressionado sempre que visita os trabalhos do avô, inaugura, na quinta-feira, a exposição Niemeyer por Niemeyer no Paço Imperial, no Rio. No mesmo local, segue, até 29 de abril, a exposição Oscar Niemeyer 10/100, com a produção dos últimos dez anos. Outras mostras serão abertas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e na OCA, em São Paulo.
Visitar as exposições já seria um motivo para comemorar o centenário do arquiteto mais famoso do Brasil. Nas próximas páginas, o VIAGEM & Aventura convida para um roteiro turístico pelas cidades onde estão os cartões-postais, com as tais curvas livres e sensuais.
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