terça-feira, 13 de março de 2007

Há risco de racionamento para 50 mil imóveis em cinco bairros do Rio

Rio - Além das altas temperaturas e da estiagem que já dura 28 dias, a população corre o risco de racionamento de água. Cinco bairros do Rio — parte da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, Urca, Leme e Paquetá —, São Gonçalo, Itaboraí, Duque de Caxias e áreas de São João de Meriti já estão sofrendo com a deficiência no abastecimento. Segundo a Cedae, foram afetados 3% da sua rede de consumo regular — aproximadamente 50 mil imóveis.

São Gonçalo, Itaboraí e Paquetá ficaram com o fornecimento ainda mais reduzido após a suspensão de operação da Estação de Tratamento de Água de Imunana-Laranjal no domingo, ocasionada por interrupção da energia elétrica pela Ampla. A concessionária culpa a Cedae pela falta de água. Segundo a empresa, quem tem necessidade de serviços ininterruptos deve providenciar gerador ou segunda linha de transmissão. Segundo a Ampla, a paralisação durou 38 segundos, ocasionada por um raio que caiu próximo à linha de transmissão da Cedae, e a operação se normalizou em seguida. A Cedae, no entanto, afirma que o fornecimento de água para as duas cidades e Paquetá só será normalizado amanhã à tarde.

Ontem, alunos do Colégio Estadual Monsenhor Barenco Coelho, no bairro Porto do Rosa, foram liberados uma hora mais cedo por causa das torneiras secas, problema que acontece há pelo menos uma semana, segundo a diretora Fátima Gago.

MERENDA SUSPENSA

A água que resta na cisterna de 15 mil litros é destinada a bebedouros. Mesmo assim, nem todos têm, como constatou a aluna da 3ª série Ingrid Oliveira de Lima, 10 anos. A merenda foi suspensa pela falta de condições de cozinhar alimentos e lavar panelas e bandejas. No Ciep Anita Garibaldi, em Jardim Catarina, os 800 alunos também estão sendo dispensados mais cedo.

Para atender os outros quatro bairros do Rio e os dois municípios da Baixada que começam a sentir os reflexos da estiagem, a Cedae ampliou em 50% suas operações e reforçou as equipes em 20% para realizar manobras operacionais e manter a pressão da água. A Estação de Tratamento do Guandu está com produção recorde, de 45 mil litros de água sendo tratados por segundo.

"Hoje, não existe uma situação de caos por conta do esforço que a Cedae está fazendo. O problema é que as pessoas que têm água estão usando mais por causa do calor e quem fica em locais de fim de linha acaba prejudicado", explica o presidente da Cedae, Wagner Victer.

A seca incentiva o comércio de água, que já registrou crescimento de 10% nos pedidos em algumas regiões, como a Baixada. Os preços de entrega para tanque de 10 mil litros variam de R$ 50, na Baixada, a R$ 180, na Barra da Tijuca. Na Barra, no entanto, antes da estiagem, o carro-pipa de 10 mil saía a R$ 120 — aumento de 50%. O de 15 mil litros chega agora a R$ 270.

Se falta de um lado, há desperdício de outro. Ontem, meninos se refrescavam em vazamento na Rua Carlos Seidl, no Caju. A água jorra há um mês e já tem até função: resfriar o motor dos caminhões da Comlurb.

INCÊNDIO - 280 FOCOS

A estiagem, que hoje completa 28 dias, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), provocou mais de 280 focos de incêndio só neste fim de semana, em todo o estado. Bombeiros estão em alerta e trabalham ininterruptamente no combate aos incêndios. Dois helicópteros estão sendo usados em ações do Grupamento Florestal.

A Defesa Civil Municipal do Rio realizará vistorias para identificar pontos de vegetação com ressecamento intenso, que podem provocar queimadas. Outra medida é a distribuição de Guia de Prevenção, cartilha com dicas de como se preparar para não prejudicar a saúde por conta do calor intenso.

Radiação ultravioleta quase no nível máximo

O carioca está sentindo na pele e no corpo o desequilíbrio provocado pelas condições climáticas no Rio, que vai muito além das elevadas temperaturas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o índice de radiação ultravioleta já chega a 11 — em escala de zero a 14. "O Rio terá taxa mais alta que qualquer lugar nublado. A ausência de nuvens faz com que toda radiação que chega do sol passe direto para a pessoa", explica a meteorologista Kelen Andrade. A exposição aos raios solares pode provocar queimaduras graves e até câncer de pele, já que as radiações têm efeito cumulativo no corpo. Entre 10h e 16h, é bom evitar ficar exposto.

Ontem, a umidade relativa do ar variou entre 30% e 40% — índice considerado muito baixo para essa época do ano, quando normalmente fica acima de 60%. Já a sensação térmica, segundo especialistas do Climatempo, está em 39 graus. A máxima registrada ontem foi de 38,9 graus, em Santa Cruz. A previsão é de calor intenso e ausência de chuvas, já que massa de ar quente e seco ainda cobre o Sudeste. Quinta-feira pode chover à tarde.

Com o tempo seco e baixa umidade, especialistas alertam para risco de doenças respiratórias. "Nesta época, aumentam os problemas, e o quadro pode até evoluir para sinusite, ou provocar sangramentos nasais. É recomendado ingerir bastante líquido, deixar o ambiente ventilado e manter limpos aparelhos de ar e ventilador", aconselha a coordenadora da Câmara Técnica de Alergia e imunologista do Cremerj, Neide Pereira.


Fonte: O Dia Online

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