quinta-feira, 8 de março de 2007

Lula e Cabral acertam uma tabelinha em favor do Rio

Presidente e governador passam o dia assinando convênios, lançando programas de saúde e entregando casas populares. Parceria incluiu descontraído bate-bola no estádio do Maracanã

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Sérgio Cabral demonstraram ontem no Rio o entrosamento que o estado e o governo federal estabeleceram desde a eleição. A tabelinha política se mostrou afinada em quatro eventos: eles assinaram convênios, entregaram projetos habitacionais e, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, lançaram programas de enfrentamento ao avanço da Aids no sexo feminino e de combate à violência doméstica. “Foi um dia, como se diria aqui no Rio, de barba, cabelo e bigode”, definiu Cabral.

Os eventos foram intercalados por rápido bate-bola no Maracanã, onde Lula voltou a repetir que não vai concorrer a novo mandato. “O fato de eu não vislumbrar nenhuma eleição, não concorrer a nada, me tira um peso de 600 quilos”, disse.

No primeiro evento do dia, na Cidade do Samba, Lula e Cabral lançaram campanha pelo uso de camisinha durante os Jogos Pan-Americanos e o Plano de Enfrentamento da Feminização da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Eles foram recebidos por platéia de três mil pessoas, sendo a maioria mulheres — entre elas, as primeiras-damas, Marisa Letícia, do Brasil, e Adriana Ancelmo, do Rio.

O segundo compromisso foi no Maracanã. O presidente assinou a medida provisória que concede mais R$ 100 milhões para a reforma do estádio e do Maracanãzinho. Com esses recursos, a participação do governo federal no Pan passou para R$ 1,65 bilhão. Lula defendeu os repasses para garantir o sucesso do Pan e credenciar o País para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

LULA 2 X 1 CABRAL

Em solenidade descontraída, Lula bateu pênaltis para Cabral, como goleiro, deixar a bola entrar. O governador assistiu sem se mexer à primeira cobrança bater na trave esquerda e às outras duas morrerem no canto direito do gol. A bola vai ficar no Museu do Maracanã, assinada “Lula 2 x 1 Cabral”.

Para chutar, o presidente tirou os sapatos, guardou as meias no bolso e levantou as calças. “Será uma homenagem ao Cláudio Cristovão Pinho (jogador do Corinthians e da Seleção nos anos 40 e 50)”, disse, antes de chutar.

Depois de visitar o Maracanã, a comitiva seguiu para o Palácio Laranjeiras, onde o grupo participou do lançamento da obra social do governo do estado, a ONG Rio Solidário, presidida por Adriana Ancelmo.

O último compromisso de Lula foi a entrega de 889 apartamentos de quatro condomínios populares em Santa Cruz — evento que pareceu comício. O investimento de R$ 31 milhões é parceria da Caixa Econômica Federal e da prefeitura. Outros 13 projetos similares devem ser concluídos no Rio em 2007.

“A entrega das chaves representa o primeiro sinal de dignidade e cidadania que o povo pobre do País está conquistando”, disse Lula.

Governo lança Rio Solidário

No início da tarde, o presidente Lula e a primeira-dama Marisa Letícia almoçaram no Palácio Laranjeiras e participaram, ao lado de Sérgio Cabral, do lançamento da nova obra social do estado, a organização não-governamental Rio Solidário, que será presidida pela primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo Cabral.

O objetivo da instituição é arrecadar recursos junto à iniciativa privada para promover projetos sociais. No salão do palácio, ministros, secretários e empresários — entre eles, a diretora-presidente de O DIA, Gigi Carvalho, que é uma entusiasta do projeto — prestigiaram o lançamento “virtual” da Casa Abrigo, uma instituição destinada a acolher mulheres que são vítimas de violência doméstica e seus filhos. “Queremos trazer a responsabilidade social de empresários para os projetos. O cobertor é curto”, destacou Adriana Ancelmo.

A Casa Abrigo, que fica na Baixada Fluminense, mas por questões de segurança não teve seu endereço revelado, vai acolher simultaneamente 80 mulheres vítimas de violência doméstica. Para se refugiarem dos maridos ou namorados, elas poderão ficar na Casa por até quatro meses, tempo considerado suficiente para a vítima reconstruir a vida. Cabral explicou que a Casa será mantida unicamente pela iniciativa privada. “Não tem nenhum tostão do estado”, destacou ele, que, durante a solenidade, também assinou com a secretária especial de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire, a adesão do estado ao Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

Lula, por sua vez, pediu que a sociedade deixe de apenas reivindicar melhorias e ajude também na construção de políticas públicas. “Somente uma parceria entre os três entes federativos e muito forte com a sociedade pode permitir que nos próximos 20 anos nós acabemos com as mazelas criadas nos últimos 40 ou 50 anos neste País”, brincou.

Fonte: O Dia Online

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