Chegada do presidente ao Brasil é marcada por protestos. Na Colômbia, perigo de atentados
SÃO PAULO E RIO - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou ontem ao Brasil para visita de 24 horas, em viagem pela América Latina, que inclui ainda Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. Antes de desembarcar em São Paulo, Bush já era pivô de uma série de protestos, que se repetiram no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Recife, Maceió, Belém e São Luís.
Apesar das manifestações no Brasil, a passagem de Bush pela Colômbia poderia ser marcada por hostilidades muito piores. Em Bogotá, o diretor da Polícia Nacional, general Jorge Castro, informou que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) planejavam atentados terroristas durante a passagem do presidente, no próximo domingo.
ALVOS NÃO REVELADOS
Os planos teriam sido descobertos graças à interceptação de comunicações entre integrantes das Farc. A polícia não esclareceu quais seriam os alvos dos ataques. “Ouvimos determinações de líderes revolucionários para que se organizassem atos contra a ordem pública, mas já neutralizamos tudo”, garantiu o oficial.
Esquema de segurança com mais de 20 mil soldados das Forças Armadas da Colômbia foi armado para proteger a comitiva americana. Além disso, desde a semana passada, um destacamento de agentes de segurança dos EUA está em Bogotá.
Em São Paulo, a chegada de Bush foi precedida por protestos envolvendo cerca de 6 mil pessoas ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST), à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e à União Nacional dos Estudantes (UNE). Manifestantes tentaram ocupar as duas pistas da Avenida Paulista, mas a polícia os manteve em apenas uma delas. Daí o confronto e a pancadaria. Policiais usaram cassetetes, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta. Pelo menos 26 pessoas ficaram feridas, a maioria policiais (18), segundo autoridades. Cinco manifestantes foram detidos.
MODELO PRESA
Protesto mais leve não evitou que a modelo Janaína Bueno, 25 anos, fosse presa à noite. Ela aguardava a passagem de Bush coberta com uma bandeira do Brasil. À ordem de um PM para saber se ela escondia alguma coisa, Janaína descobriu-se mostrando o corpo seminu, de biquíni, sem a parte de cima e com os seios pintados. Na barriga a frase pintada ‘Fora Bush’. Janaína foi levada à delegacia, onde foi autuada por ato obsceno.
Consulado apedrejado no Rio
No Centro do Rio, também à tarde, antes da chegada de Bush ao Brasil, cerca de 400 manifestantes arrancaram pedras portuguesas das calçadas e atiraram no consulado dos Estados Unidos. Muitos vidros foram quebrados e os muros do prédio foram manchados com tinta vermelha.
Os seguranças do consulado foram obrigados a recuar para dentro do edifício a fim de escapar da chuva de pedras até que a Polícia Militar chegasse para conter com rigor os manifestantes.
O protesto reuniu militantes do PSOL, PCB e do PSTU, além de estudantes secundaristas. Com bandeiras da Venezuela e do Iraque, os manifestantes acusaram Lula de “dar a mão ao diabo”, pediram a retirada das tropas americanas do Iraque e militares brasileiras do Haiti.
Por volta das 18h30, outro grupo de militantes do PT, do PCdoB e do MST realizou uma passeata pela Avenida Rio Branco, em direção ao consulado, alegando estar lembrando também o Dia Internacional da Mulher.
Em Porto Alegre (RS), centenas de mulheres ligadas à Via Campesina protestaram com uma passeata contra as plantações de eucaliptos da empresa Aracruz e também contra a presença de Bush no Brasil.
Diante de uma agência do Citibank, elas se encontraram com estudantes e militantes do PSOL e do PV, e queimaram uma foto do presidente americano.
Os manifestantes também deram uma parada diante do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, onde fizeram discursos contra Bush e deixaram um bolo de farpas de eucalipto, ainda contra a Aracruz.
Fonte: O Dia Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário