quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pai encontra filho pelo Orkut após procura de mais de 20 anos


Em uma busca virtual de poucos segundos, o analista de contas Vanderlei da Silva, de 44 anos, conseguiu encurtar uma outra busca, de 22 anos, por um filho perdido. No final de 2006, ele descobriu o perfil de Robson dos Santos no site de relacionamentos Orkut e na Páscoa de 2007 conseguiu finalmente abraçar o menino de novo.

“Foi muito louco. Muito louco mesmo”, conta o paulistano Silva. “Até eu fico assim passado com a história. Eu paro e não acredito ainda”. Ele não via o filho desde 1984, quando a ex-namorada foi embora com a criança sem deixar endereço nem telefone – e os conhecidos não passavam informações sobre ela. Até em um programa de televisão ele tentou ajuda para encontrar o garoto, sem sucesso.

A descoberta aconteceu por acaso. Silva passeava perto de casa, na Zona Norte da cidade, quando um rapaz o chamou na rua. “Sabe quando você olha a pessoa e você não sabe quem é?” Nervoso por não saber direito quem era o moço, tentou encurtar a conversa. Mas quando viu que o papo era relacionado ao filho, conseguiu pegar algumas informações estratégicas.

“Soube ali que meu filho ia casar. Pensei: ‘sério? Será que ele vai casar? O moleque já tá grande, vai casar e ele não sabe de mim e nem eu dele’. Mas aí o rapaz falou que o nome da namorada do meu filho era Francila”. Ao chegar em casa, Silva conta que ainda relutou, mas decidiu fazer a busca no site, procurando a namorada do filho. Só duas páginas apareceram. Ele descartou a de uma senhora e clicou na de uma “mocinha morena”.

“Aí pesquisei os amigos da Francila e coloquei o nome dele. Menino do céu. Na hora que eu coloquei Robson dos Santos, que me aparece a foto do moleque, quase que eu tive um troço. Falei pra mim mesmo ‘meu Deus, achei, caramba’. Aí fiquei uns 15 minutos olhando pra aquela foto”.

Pai e filho continuaram a se falar – virtualmente e por telefone – e combinaram um encontro para a Páscoa. Silva viajou para a Bahia e passou quatro dias na cidade com o filho, na casa de Neusa. Robson se achou "muito parecido" com o pai. "Principalmente as entradas no cabelo."

Robson foi criado sabendo que o marido de sua mãe era seu padrasto, mas diz que nunca pensou em procurar o pai. "Eu tenho pra mim esse ditado: 'pai é aquele que cria'. Pai não é aquele que faz simplesmente e não dá carinho. Se eu fosse pai, eu ia atrás, não importa o que acontecesse". Por isso o rapaz se diz "surpreso" com a persistência de Silva.

O jovem espera viajar para São Paulo em janeiro para conhecer os tios, a avó e os irmãos paulistanos - são quatro mulheres e um bebê de três meses. Enquanto a viagem não acontece, o telefone, e-mail - e o Orkut - matam a saudade.

G1

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