'Fantasma' em novo gabinete

Lavrador foi nomeado sem saber pelo deputado João Pedro e cadastrado com 6 auxílios-educação





Rio - Em 53 anos de vida, o lavrador Quintino Batista Rodrigues jamais havia visitado a cidade do Rio. Ano passado, ele foi levado por dois homens da zona rural de Cachoeiras de Macacu para o Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa. A viagem não era turística. Quintino, ou Seu Tino do Queijo, como é conhecido, veio para a capital para ser nomeado assessor do gabinete do deputado João Pedro (DEM) — que até quarta-feira ocupava o cargo de corregedor substituto da Alerj. Como as demais vítimas da fraude, Seu Tino, que tem 13 filhos, pensava que estava se inscrevendo em programa de benefícios sociais do governo.

JOGO DE EMPURRA

O deputado que nomeou Seu Tino na Alerj não quis comentar o caso. Pela assessoria, João Pedro limitou-se a dizer que já havia divulgado lista com o nome das pessoas lotadas em seu gabinete e que a responsabilidade pelas nomeações e exonerações é de Marcelino d’Almeida. Secretário municipal de Governo, Marcelino se licenciou da Alerj no início do ano passado, num acordo político com o prefeito Cesar Maia — ‘padrinho’ dos dois políticos.

Marcelino rebateu. Disse que as nomeações são todas de responsabilidade de João Pedro e que ele pode exonerar todo mundo, se quiser. “Se ele insistir nessa história, vou retomar meu mandato. Saí de lá há mais de um ano. Ele (João Pedro) não é louco”, atacou o secretário.

Denúncia de cárcere privado em Guapimirim

Duas das vítimas das nomeações fraudulentas no gabinete da deputada Renata do Posto (PTB) estariam sendo mantidas em cárcere privado num hotel em Guapimirim. O Disque-Denúncia recebeu informações de que as irmãs Liete e Arlete da Conceição Martins eram mantidas contra suas vontades no Country Hotel, por pessoas ligadas à Prefeitura de Guapimirim, cujo prefeito é Nelson do Posto, tio de Renata.

O golpe contra Liete foi revelado no domingo pelo Jornal O DIA. Nomeada sem saber no gabinete da deputada, a dona-de-casa teve seus sete filhos matriculados fradulentamente no Centro Educacional Pingo de Alegria.

A polícia chegou ao local, onde encontrou homens armados. Apesar de todos os indícios de cárcere privado, ninguém foi preso. As mulheres teriam dito que estavam em duas suítes do hotel, com seus 13 filhos, por livre e espontânea vontade. A diária cobrada pelo hotel é de R$ 70 por casal, mais R$ 25 por hóspede extra. Os policiais chegaram a encontrar restos de comida nos quartos.

(Jornal O Dia Online)