terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mais do que uma onda, uma tsunami de fé

Conheci o culto teen da Bola de Neve Church, igreja evangélica dos surfistas com um púlpito em forma de prancha, graças a um jornalista amigo meu, correspondente de um jornal holandês na América Latina. Era um sábado de sol, eu estava na Praia de Ipanema, e ele manifestara a vontade de conhecer a igreja. Passei na casa dele em Copa, e de lá seguimos para a Praia da Barra. Já havia feito outras reportagens na Bola de Neve, mas confesso que quando vi as diaconisas Júlia Braz e Milla Knesse, ambas moradoras da Barra de 18 anos, não botei muita fé na seriedade daquela cerimônia religiosa.

Contudo, ao longo das mais de duas horas de culto em que uma centena de jovens fixaram os olhos e ouvidos nelas, ávidos por uma ou muitas palavras de fé, meu pré-conceito foi se dissipando, e minha curiosidade, aumentando. Saímos um pouco antes de a cerimônia terminar, mas peguei o telefone da Júlia para conversarmos. A história dela e da Milla, antigas inimigas de grupinhos rivais da Barra - sim, aquele típico estereótipo das patricinhas do bairro, como elas mesmas confirmariam - rendeu, e acabei voltando à igreja para fazer a reportagem de capa da Megazine de hoje.

Desta vez, acompanhado do fotógrafo Felipe Hanower, fiquei até o fim do culto. Até um pouco mais, para falar a verdade. O poder de comunicação das duas aspirantes a pastoras, que acabam de passar para o curso de Psicologia, seduz e cativa os fiéis. Enquanto Milla faz o tipo surfistinha - ela emenda uma tarde inteira de surfe com o culto -, Júlia é avessa a esportes, o que poderia ser considerado uma heresia numa igreja que tem treinos de jiu-jítsu, boxe e uma pista de skate. Se Milla precisou experimentar drogas como maconha e loló antes de se converter, aos 14 anos, Júlia bebeu no máximo algumas garrafas de Ice na vida. Como ela mesma diz, "é a prova de que não é preciso estar no fundo do poço para virar cristão".

Aliás, na Bola de Neve, elas descobriram também que não precisavam mudar o jeito de se vestir para seguir a palavra de Deus. Com as mesmas roupinhas de marca e ao som dos mais diversos ritmos musicais que embalam os cultos de sábado à noite, elas deixaram as diferenças de lado, tornaram-se amigas e líderes teen da igreja. Se você está achando tudo muito moderninho, saiba que elas não bebem, não frequentam boates nem sequer beijam na boca. Seus últimos namorados, garantem elas, foram os ex que não quisereram segui-las na opção radical de fé. Hoje, aguardam sem pressa os homens escolhidos por Deus, que devem ter o consentimento do pastor.

Enquanto isso, elas servem de espelho e referência para dezenas de jovens que ouvem suas intensas pregações no sábado à noite e, às vezes, chegam a cair a seus pés durante orações mais fervorosas. Se você não crê, veja o videozinho abaixo com trechos do culto teen conduzido por elas e leia a reportagem completa no Globo Digital (somente para assinantes). Só não vá cair em tentação. Amém?

Mais no site ( Megazine )

(Fazendo a Megazine - globo.com - Lauro Neto)

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