sexta-feira, 11 de abril de 2014

Desocupação em favela causa violência e tumulto na zona norte do Rio

O clima é muito tenso na reintegração de posse, determinada pela Justiça, de um terreno vazio da empresa Oi, no Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro. A Polícia Militar, que chegou ao local por volta de 5h desta sexta-feira (11), entrou em confronto com os ocupantes do local. 
Após uma das lideranças dos manifestantes ser presa, o confronto se acirrou. Ocupantes do terreno chegaram a jogar um coquetel molotov em direção aos militares, e a polícia reagiu imediatamente. Foram usadas bombas de gás lacrimogêneo e outras armas não letais a fim de dispersar a multidão.
Os moradores da "favela da Telerj", como vinha sendo chamada a ocupação, começaram a atear fogo em um dos edifícios que compõem o espaço. Os ocupantes também queimaram um carro da PM, três ônibus e dois caminhões, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
Uma moradora afirmou à reportagem do UOL que três crianças haviam morrido durante a ação da Polícia Militar, mas a informação foi negada pela corporação. O Corpo de Bombeiros também informou não ter encontrado vítimas fatais durante o trabalho de atendimento a feridos. Em nota, os militares informaram que duas crianças foram socorridas após inalarem gás lacrimogêneo. Elas já foram liberadas.
Com a confusão, os ocupantes correram pelas ruas do bairro e deixaram um rastro de destruição pelo caminho. Além dos vários focos de incêndio, um veículo de uma emissora de TV foi apedrejado. Cerca de 1.000 pessoas ainda estão no entorno do prédio, resistindo à reintegração.
Um dos moradores, identificado apenas como Maycon, foi ferido durante a ação da polícia com um tiro de bala de borracha no rosto. Cinco policiais militares foram feridos, informou a assessoria da corporação.
Uma moradora do Engenho Novo entrevistada pela "Globo News" afirmou que o comércio está todo fechado no entorno do prédio da Oi. Os moradores teriam sido orientados a ficar em casa, segundo ela.
Policiais se posicionaram em todas as esquinas da rua Dois de Maio, em frente à ocupação, para impedir que manifestantes bloqueiem a via. Militares do Corpo de Bombeiros estão no local para apagar os focos de incêndio.
Pelo menos 1.600 policiais militares foram designados para a ação de cumprimento de reintegração de posse, da qual participaram ainda 40 oficiais de Justiça. As ordens judiciais foram expedidas pela juíza da 6ª Vara Cível do Fórum Regional do Méier, responsável pela região do Engenho Novo.
Em apenas uma semana, o espaço constituído de edifícios e galpões abandonados foi loteado por pessoas oriundas de outras comunidades, que levantaram barracos e tendas no local.
Com cerca de 5.000 metros quadrados, o terreno tem um estacionamento central cercado por quatro prédios de quatro e cinco andares. Todos os espaços, pisos e coberturas foram totalmente tomados por estruturas de madeira. No local, não há luz, nem água.
Há dois dias, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) definiu a ocupação do terreno como "uma invasão profissional".
"Não conheço favela nenhuma da Telerj e, sim, uma invasão com todas as características que uma invasão profissional pode ter. É um movimento organizado, com pessoas que estão ali loteando, demarcando. Pobre que é pobre, que precisa de casa, não fica demarcando, não aparece com madeirites marcando número", afirmou Paes. ( Estadão/Agência Brasil/UOL/Redação)

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