terça-feira, 1 de abril de 2014

Light reabre sala Di Cavalcanti, com cinco painéis do artista

A Light dará um grande presente para os admiradores da arte brasileira. A partir de hoje, 01, a empresa reabre para o público a sala Di Cavalcanti, no Centro Cultural Light, onde estão expostos cinco painéis do artista (quatro originais e uma réplica, cujo original pertence a uma galeria de São Paulo) que representam a obra “Composição Rio”, um retrato da relação do Rio de Janeiro com a imprensa. Os quadros foram comprados, em 1971, pelo então Presidente da Light, Antonio Gallotti, junto ao jornalista Samuel Wainer, diretor do jornal Última Hora, extinto no mesmo ano. As pinturas foram encomendadas para comemorar o primeiro aniversário do Última Hora, fundado em 12 de junho de 1951. 
Um ano depois, passaram a compor o cenário do prédio de quatro andares do jornal, situado na Av. Presidente Vargas, próximo à Praça Onze. Em 1954, foram transferidos para a segunda sede da redação, na Rua Sotero dos Reis, na Praça da Bandeira. 
“A reabertura desta sala homenageia um dos mais importantes artistas da cultura brasileira. Além da exposição desta importante obra, prestamos uma merecida homenagem a um antigo colaborador da Light: no final dos anos 20, era possível ver o talento de Di Cavalcanti em desenhos publicados na Revista Light, onde destaca passageiros, condutores e motorneiros dos antigos bondes”, conta Paulo Bicalho, Gerente do Centro Cultural Light. 
A Sala Di Cavalcanti ficará aberta durante o funcionamento do Centro Cultural Light, de segunda a sexta-feira, das 11h às 17h, na Av. Marechal Floriano, 168 – Terréo. No novo espaço, com temperatura controlada para preservar as obras, ainda há um balcão com versões táteis das telas, o que permite a percepção dos traços do artista por deficientes visuais. 
Composição Rio 
Os cinco painéis de “Composição Rio”, cada um medindo 1,55m x 2,40m, foram pintados no primeiro semestre de 1952, em óleo sobre tela, e retratam o dia-a-dia da redação da imprensa e sua relação com o Rio de Janeiro, em cores predominantemente quentes (vermelho, amarelo e laranja), como se retratassem uma reportagem sobre a cidade. A obra foi toda desenvolvida em uma casa situada na Praia de Botafogo. O pintor Athos Bulcão, renomado artista que também colaborou em importantes obras de Cândido Portinari (Igreja da Pampulha, MG) e de Oscar Niemeyer (construção de Brasília), ajudou Di Cavalcanti na execução dos quadros. 
Em 2001, os painéis foram restaurados pela experiente técnica Magaly Oberlaender, que chefiou, durante 16 anos, a Seção de Conservação e Restauração do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Em um dos quadros, Di Cavalcanti enfatiza a passagem do tempo e da velocidade do cotidiano, com representações do sol e da lua, de trabalho e descanso, além da ação comum de se ler um jornal. Em outro, o pintor mostra temas de notícias e suas relações com os acontecimentos da cidade: o futebol, o trabalhador, as festas, a igreja, as corridas de cavalo, entre outras atividades corriqueiras. Nas três imagens restantes, Di Cavalcanti ressalta o importante papel do jornal como difusor da cultura, apresentando imagens do Corcovado, de baianas, de prédios coloni ais, de coretos e da boemia. Nestes painéis, o artista utiliza como elemento central um homem de dois rostos, voltados para lados opostos, destacando o olhar atento às transformações dos fatos em notícias e a imparcialidade.
 Di Cavalcanti 
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) foi um pintor modernista, desenhista, ilustrador e caricaturista brasileiro.Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando, para essa ocasião, as peças promocionais do evento. Fez sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequentou a Academia Ranson e expôs em diversas cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Conheceu Pablo Picasso, Fernand Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. 
Entre idas e vindas ao Brasil, realizou importantes obras, como os painéis de decoração do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris. Em 1954, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) realizou exposição retrospectiva de seus trabalhos. Recebeu proposta de Oscar Niemeyer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada e também pintou as estações para a via-sacra da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília. 
Última Hora 
Última Hora foi um jornal carioca fundado pelo jornalista Samuel Wainer, em 12 de junho de 1951. O periódico que, nas palavras de Wainer, foi um "jornal de oposição à classe dirigente e a favor de um governo (Vargas)", foi um marco no jornalismo brasileiro, inovando em termos técnicos e gráficos.O jornal foi vendido em 1971 para a Empresa Folha da Manhã S/A, que também administrava o jornal Folha de São Paulo, cujos proprietários eram Carlos Caldeira Filho e Octávio Frias de Oliveira. O Arquivo Público do Estado de São Paulo (http://www.aperj.rj.gov.br), em homenagem aos 200 anos de Impren sa no Brasil, colocou na internet o acervo do Última Hora. São 36 mil páginas digitalizadas, correspondentes a 60 meses do jornal. (JB/Redação)

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