terça-feira, 6 de maio de 2014

Menino de 8 anos baleado na cabeça no Morro dos Macacos é operado e seu estado de saúde é grave

O menino de 8 anos baleado na cabeça no Morro dos Macacos, na tarde desta segunda-feira, durante confronto entre traficantes e policiais da UPP, foi operado durante mais de 5 horas no Hospital do Andaraí. A cirurgia terminou às 22h. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade, o estado de saúde de Vítor Gomes Bento ainda é grave. Ele foi levado para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital logo após a operação.

Vitor foi atingido na Rua Armando de Albuquerque, próximo à UPP dos Macacos. De acordo com uma tia do menino que preferiu não se identificar, ele havia acabado de sair da escola e estava sentado com seu irmão, Felipe, de 7 anos, na porta de uma loja de material de construção, quando foi baleado.

- O Felipe viu o irmão ser baleado e está muito nervoso. Minha irmã (mãe de Vítor) está no sexto mês de uma gravidez de risco. Estamos muito preocupados - disse.

Socorrida pelo dono da loja de material de construção, identificado apenas como Beto, a criança foi logo levada para o Hospital do Andaraí.

De acordo com a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), policiais da UPP Macacos estavam em patrulhamento na localidade da Favelinha, quando se depararam com criminosos armados. O bando atirou contra os policiais, que revidaram. Os criminosos conseguiram escapar. Na fuga, já na localidade da Rachadura, os bandidos se depararam com outros PMs, e houve um novo confronto, no qual Vítor acabou atingido.
Por volta das 18h, o policiamento no local estava reforçado com agentes do Grupamento de Intervenções Táticas (GIT) das UPPs, além de homens de outras unidades da Zona Norte e do BPChoque. Às 20h30m, policiais do Bope e do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) foram acionados.




Manifestação
Após Vítor ter sido baleado, moradores do Morro dos Macacos iniciaram uma manifestação e tentaram fechar a Rua Barão do Bom Retiro, uma das principais vias da região, mas foram impedidos pela polícia. Tiros e bombas foram ouvidos. Por volta das 20h, três crianças chegaram ao Hospital do Andaraí com sintomas de intoxicação por gás de pimenta.

- Estávamos em casa, na antiga Rua 20. Do lado de fora, acontecia uma manifestação. A polícia jogou gás de pimenta. Aquilo entrou na minha casa. Meu filho, que tem paralisia cerebral, começou a passar mal e corri com ele para cá — contou a dona de casa Simone Rodrigues, de 39 anos.

O mesmo aconteceu com os netos da diarista Luciene Cosme da Silva, de 36 anos, que mora na Rua Armando de Albuquerque. Os netos dela, Andrey, de 1 ano, e Wallace, de 3, desmaiaram.

- Eu estava com meus netos dentro de casa , na Rua Armando de Albuquerque, quando começaram a jogar bombas e gás de pimenta. As crianças passaram muito mal e desmaiaram. Fiquei desesperada. A minha sobrinha de 14 anos, Yasmin, foi quem me ajudou a carregar as crianças. Moro no morro há 36 anos e nunca vi isso acontecer. Estão jogando gás e está entrando na nossa casa. É um absurdo o que esses policiais fizeram - reclamou Luciene.

Armas recolhidas
De acordo com o delegado Ed Wilson da Silva Corrêa, da 20ª DP (Vila Isabel), responsável pelas investigações, duas pistolas e um fuzil usados por policiais da UPP foram recolhidos e passarão por perícia. Além disso, quatro PMs já foram ouvidos na delegacia. Dois deles disseram ter participado do primeiro confronto com os traficantes, e os outros, do segundo, no qual Vítor ficou ferido. O delegado ainda quer ouvir os outros policiais que estavam nos tiroteios, além de testemunhas. A perícia do local do crime deve ser feita nesta terça-feira, ainda pela manhã. (Extra/Redação)




Nenhum comentário: