segunda-feira, 28 de abril de 2014

Idosa morta no Alemão comemorava aniversário antes de morrer, diz família

A idosa que morreu após tiroteio entre policiais e criminosos na favela Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, Subúrbio do Rio, na noite deste domingo (27), comemorava o aniversário pouco antes de ser baleada. Arlinda Beserra de Assis, de 72 anos, conhecida como Dalva na comunidade, foi atingida enquanto levava o sobrinho-neto em casa, após um almoço com a família. Segundo parentes, ela tentou protegê-lo dos tiros e acabou atingida.
Neta de Arlinda, Tamires Assis, de 24 anos, disse que tudo aconteceu em pouco tempo e a cerca de 10 metros de casa. "Ela esperou o tiroteio terminar e saiu de casa para deixar o sobrinho neto na casa dele. Ela fez aniversário na quarta e teve um almoço no domingo, de comemoração. Pouco tempo depois que ela saiu com ele, a gente ouviu um grito e viu ela no chão", contou Tamires. Segundo ela, a avó foi atingida na virilha e na barriga.
Marinalva Bezerra, mãe do menino que Dalva acompanhava, disse que espera assistência do governo depois da morte."A gente não quer dinheiro, a gente só quer assistência. Um pedido de desculpas, um 'sinto muito' do estado. O meu filho está em estado de choque, precisa de um apoio psicológico", disse.
O corpo de Dalva deixou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Itararé, no Subúrbio, mas até 10h30 não havia chegado no Instituto Médico Legal (IML). Os parentes da idosa desconhecem a origem dos disparos. Para eles, a manifestação que ocorreu após a morte de Dalva foi uma maneira de apoio, já que ela morava há muitos anos na comunidade.
"A gente é a favor da manifestação, mas não da violência. Ela era muito conhecida na comunidade e as pessoas gritaram pedindo justiça", disse Marinalva.
Ainda não se sabe de onde partiu o disparo
Como mostrou o Bom Dia Rio, ainda não se sabe de onde partiu o disparo que matou a idosa. Dalva foi baleada na barriga e morreu logo após chegar a UPA do Alemão. A mãe não sabe como dar a notícia ao menino, que viu a avó ser ferida.

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), cinco policiais militares faziam patrulhamento na Rua 2, quando avistaram um grupo de criminosos armados. Houve troca de tiros, mas PMs e suspeitos não foram feridos. Cerca de 10 minutos após o tiroteio, a UPP Nova Brasília recebeu um chamado para atender uma moradora ferida na localidade Beco da Vivi.
Na UPA, a família da vítima contou que Dalva entrou na frente do neto, de 10 anos, para protegê-lo do tiroteio. A criança não ficou ferida, mas está traumatizada, segundo a família. A idosa chegou ao Rio de Janeiro em 1970, vinda do Rio Grande do Norte. Ela tinha um filho biológico e outros de criação.

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